quarta-feira, 30 de julho de 2008

RÍTMOS DO UNIVERSO - LEITURA PRIMEVA DA FORMA


As Linhas de Rítmos na identificação da forma;
by iohannobosko

“No princípio, criou Deus os céus e a terra. A terra, porém estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas.” Livro de Moisés Chamado Gênesis.
O que Goethe queria dizer com “ os segredos mais profundos da criação.”
William Acker, tradutor de antigos textos sobre pinturas chinesas, “certa vez perguntou a um famoso calígrafo por que ele enfiava seus dedos sujos de tinta tão profundamente nos pêlos de seu enorme pincel quando pintava; o calígrafo respondeu que só assim poderia sentir o (ch’i) fluir pelo seu braço, através do pincel, até o papel.”
A fim de evitar frustrações comuns do tipo “Currus bovem trahit.”* nesta abordagem, saliento o caráter metafísico-dinâmico dessa energia cósmica, “nas palavras de Acker, ela circula em correntes e remoinhos sempre cambiantes, aqui profundos, ali rasos, aqui concentrados e ali dispersos’.” O gesto precede a linha; portanto a linha vai configurar um espaço linear, de uma dimensão e através dela aprendemos um espaço direcional.
Hsieh Ho, crítico de arte chinês do século V, formulou um cânone, estruturado na prática da fluidez cósmica que era patente nas gerações passadas. O segundo princípio do cânone imprime o contato, a transferência, a continuidade desse fluxo cósmico “as pinceladas devem ser cursivas e coordenadas, não angulares e mecânicas”; normalmente desenha-se segmentando, criando intervalos absurdos o que consideravelmente perde a velocidade da linha no tempo e no espaço, por isso apropriei-me do termo latim.
Com o gesto brinca-se no espaço e no “nada”, capturamos essas energias, rompemos o temor que nos atinge: um papel, tela ou qualquer superfície à ser desenhada.
A seguir mostrarei uma série de desenhos para exemplificar o texto acima.
*Vai o carro à frente dos bois.

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